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Tia Maria's Pens​ã​o & Bistrô

by Boletos Antiaderentes

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1.
Será que sou eu que tô devagar ou o bonde tá tunado demais? Os lábios da morte rodando o rolê, se pá que eu tô mesmo a divagar. A novidade dura muito menos que lança mas a onda é barata, é quente. O Sísifo dos morros não digere um 'just do it': a Escola de Frankfurt vai direto pra mente. São tantos enlatados pelas prateleiras! E o precipício te encara no espelho do banheiro do bailão São tantos enlatados pelas prateleiras! E o amor líquido é aquela imitação mais acessível de uma catuaba selvagem Será que sou eu que tô devagar? Essa canção já tá datada antes de lançar. Os lábios do tédio rodando o rolê: se pá que é impreciso o navegar. Cheirando tempero e comendo cru, o bonde não pode esperar. A juventude anos dez em poucos frames de um GIF: o bonde tá tunado demais. São tantos enlatados pelas prateleiras! E o precipício te encara no espelho do banheiro do bailão São tantos enlatados pelas prateleiras! E o amor líquido é aquela imitação mais acessível de uma catuaba selvagem Entre excessos e ausências O grave dá a largada A construção coletiva da noite é a negação comedida do nada Entre ausências e excessos O grave dá a largada O fundo do poço está intrinsecamente ligado ao fundo do copo !!!!!
2.
No meu jardim tem uma macieira Que eu cuido a vida inteira E como a fruta quando fruta há No meu jardim tem uma macieira Que eu cuido a vida inteira Maçã não tenho medo de provar Mas são eles que dizem o que é sim E o que é não Eles que tem tanto medo de deixar As salas de jantar Suas certezas de plástico e talheres de latão Essa gente que morre de medo De morrer sem dinheiro Sem sucesso financeiro Essa gente que morre de medo De morrer/ de viver No meu jardim tem uma macieira Que eu cuido a vida inteira E como a fruta quando fruta há No meu jardim tem uma macieira Que eu cuido a vida inteira Maçã não tenho medo de provar Mas são eles que decidem por mim E constroem shoppings para fazer compras no Natal No local onde cresciam macieiras Devorarão conceitos instantâneos de botar no microondas Essa gente que morre de medo De morrer sem dinheiro Sem sucesso financeiro Essa gente que morre de medo De morrer No meu jardim tem uma macieira Que eu cuido a vida inteira E como a fruta quando fruta há No meu jardim tem uma macieira Que eu cuido a vida inteira
3.
Descendo de rampantes dourados com o Vans mais caro "Minha casa é muito longe para eu ir a pé!" à porta da Pensão, diz uma placa: "Aqui é onde o filho chora e a mãe não vê" Pois é! É tão gratificante de olhar A pomposidade com que o cavaleiro se dispõe a pegar a taça de cristal, o Santo Graal com Cantina da Serra & do Barril Nunca se viu a coroa brilhar tão de perto... Nunca se viu um menino, assim, tão esperto! Que sorte a minha, tomar um chá com a Rainha! Os mapas todos enganados e o cruzado engajado em falar sobre 'esforço', 'gratidão' e 'fé' A corte em cobertura: Um sitcom onde as bruxas queimam e a mamãe sorri No tapete são-lourenciano, com João's & Maria's E a família real (de mentira), Eu fico pensando na tragicomédia dessas armaduras-Supreme manchadas de pó 600 dol na berma: o papai sonegou Pois é! É tão gratificante de olhar A pomposidade com que o cavaleiro se dispõe a queimar uma tradição (contradição!), pega a visão: o messias às avessas não curtiu, boy Nunca se viu a coroa brilhar tão de perto... Nunca se viu um menino, assim, tão esperto! Que sorte a minha, tomar um chá com a Rainha!
4.
Café Gelado 03:57
Me levanto todo dia (Não sei com que energia) E me arrasto para tomar um café Com o rosto cansado (Rosto de um condenado) Rodando pedras pelo rodapé O café não é tão forte como antes A cerveja não embriaga E eu já não sei o que fazer O café não é tão forte como antes A cerveja não embriaga E eu já não sei O mundo prestes a se deglutir A economia a ruir (E eu tomando meu café) Será que aqui não há ninguém Pra me contar uma novidade de verdade? (Boas novas para quem?) O café não é tão forte como antes A cerveja não embriaga E eu já não sei o que fazer O café não é tão forte como antes A cerveja não embriaga E eu me sinto entediado Me levanto todo dia (Não sei com que energia) E me arrasto para tomar um café Com o rosto cansado (Oh, meu Deus!, tão cansado!) Augusto Cury saindo pela chaminé O café não é tão forte como antes A cerveja não embriaga E eu já não sei o que fazer Se o café não é tão forte como antes A cerveja não embriaga E eu já não sei Se acho tudo tão fantástico (Ou se vivo no automático) Pausa para tomar um café Será que aqui nesse bistrô não há ninguém Pra me servir uma realidade (de verdade)? O café não é tão forte como antes A cerveja não embriaga E eu já não sei o que fazer O café não é tão forte como antes A cerveja não embriaga E eu me sinto entediado Dissecar as sacas cheias de vazio Descartar as cascas
5.
Se você soubesse que eu escrevo E que não sobre você Mas sim de como isso tudo já te fez sentir Se ainda faz o coração doer Mas mesmo assim, não é um erro se te fez ou faz sorrir Eu jamais me diminuiria para caber em algum lugar Mas é que um coração de elástico não está fácil de encontrar Mas, talvez, só a nudez da tua palavra já me basta Pra você conseguir intimamente me encontrar Intimamente me encontrar Se a vida é um sopro, por que ainda te falta ar? Se a tua mente é tão bela, por favor, comece a usar E entenda: Um dia nublado vale mais que três dias de verão Não tome nenhuma atitude com um copo de cerveja em sua mão
6.
Cê não sabe quanto tempo esperei Para ouvir a sua voz Aquela voz Dizer: Sinto falta demais d'ocê Não sabe quanto tempo Esperei Vi o mundo girar E girar e girar E o meu coração vagabundo Insistindo em te chamar Te confessar Meu bem Cê tá pensando que eu tô na Disney? Eu já fui gado demais pra uma vida E quando olho pra trás, a ferida Dói bem mais que um domingo sem Faustão Me sinto personagem de um velho romance Sofrimentos de Werther é um lance Quase biográfico pra mim Cê não sabe quanto tempo esperei Para ouvir a sua voz Aquela voz Dizer: Eu sinto falta demais d'ocê Não sabe quanto tempo esperei Pra finalmente te dizer Meu bem Cê tá pensando que eu tô na Disney? Meu bem Cê tá pensando que eu tô na Disney? Meu bem Eu já fui gado demais pra uma vida E quando olho pra trás, a ferida Dói bem mais que beber mercúrio ao som de Lupe de Lupe Me sinto personagem de um velho romance Sofrimentos de Werther é um lance Quase biográfico pra mim Cê não sabe quanto tempo esperei Para ouvir a sua voz Aquela voz Dizer: Eu sinto falta demais d'ocê Não sabe quanto tempo esperei Pra finalmente te dizer Meu bem Cê tá pensando que eu tô na disney Meu bem Cê tá pensando que eu tô na disney Meu bem Cê tá pensando que eu tô na Disney Meu bem Cê tá pensando que eu tô de carona com Albert Camus? Eu sobrevivi Eu sobrevivi Sobrevivi Atravessando a correnteza do marasmo à pé Entre os embalsamados homens cordiais E de fé E agora surge sua silhueta De um passado consumado Perguntando por algum amor Que nem Platão de porre numa mesa da skol poderia supor para alguém Meu bem Cê tá pensando que eu tô na Disney?
7.
Nas gélidas noites de São Lourenço Quando gente já não há e, de som, há só o rio Eu rio sozinho em auto-ironia Falando besteiras tipo o que eu sentia Lembrando de um abraço Gabriela com seus cachos girassol E a noite sempre bela que me entonteava Cada curva tua fazendo eu rever se era certa a minha conduta Eu ando e nem sinto os meus pés Eu falo e não entendo a minha voz Olha só você! O que cê fez comigo Falo isso sobre os ombros de um amigo Eu lembro e esqueço o que for Eu sinto e só sinto o teu torpor Um beijo sabor de cravo e canela Só ela enche a minha mente, Gabriela
8.
Só de imaginar, 'cê já sente o cheirinho De um bolo de milho suculento (um bolo de milho, que delícia!) Um passatempo pra você, dona patrícia E pra sua família de comercial de margarina (a sua família de glacê) Pra gente que ensina, é um prazer! A gente sabe O desespero bate e 'cê improvisa Visando sempre o melhor resultado (visando sempre o que for fardado) Acaba que, no fim, mais fácil é seguir receita! Desfeita Enfeita Afoita Aflita Afeita a finta RECEITA Evidentemente, vamos aos Ingredientes: Uma lata de milho em conserva lata ta ta ta conserva Duas colheres cheias de farinha Uma lata de açúcar pra massa ficar docinha! Quatro ovos da serpente Duas colheres de coco pisado ralado Meia lata de óleo pro estrangeiro Meia lata de fubá E, pra terminar, Fermento em pó um cheiro Uma colher e meia de chá Agora pegue um liquidificador-dor-dor E bata ta ta ta ta ta ta ta tudo Até a massa ficar homogênea! No liquidificador-dor-dor Bata ta ta ta ta ta ta ta ta tudo Até a massa ficar cremosinha! Assa na fornalha Manda a massa pra fornalha E deixa arder Assa na fornalha Manda a massa pra fornalha E deixar arder Deixa arder, ó Brasil Pra fazer seu bolo de milho
9.
Entre bustos, manequins Armas, carmim, liberteens Será que ainda faz sentido Amar e ser amado? O foda é que a moda desse mundo É de um vazio profundo Baixo o snap, bot um filtro No absurdo e faço meu check-in Na minha casa de pasta americana Não tem nenhuma havaianas, mas tem Havan Tem vans & alguns all stars Tem estrelas florescentes coladas no teto (Mas são só para algumas crianças) Tem criados-mudos e mudas de armamento militar Tem mentiras e camisinhas de todos os sabores Tem robôs! A maior experiência de todos os tempos (da última semana) Os fregueses do bistrô, todos a me encarar Anseiam que eu atire no cantor Os fregueses do bistrô, pornografia noir Basta puxar o gatilho e eles todos gemem em inglês Mickey Moura na terra dos anões anarcocapitalistas Um Brazil com Z de zen Entre jornais que embrulham fatos & fotos de corpos Copos meio sujos e vazios Trend topics & afins Um sorriso com as gengivas Um fetiche por ogivas nucleares Não há flores no jardim - só tomates podres Os fregueses do bistrô, todos a me encarar Anseiam que eu atire no cantor Os olhos dos fregueses do bistrô, os ovos a esfriar Basta puxar o gatilho e eles todos gemem em inglês Mickey Moura na Terra dos Anões Anarcocapitalistas Um Brazil com Z de zen Todos os fregueses do bistrô Os fregueses do bistrô

about

Tia Maria’s Pensão & Bistrô é o primeiro disco cheio da Boletos Antiaderentes, com lançamento programado para 7 de agosto. O álbum foi gravado em Julho de 2019 no estúdio Mato Records, do produtor Renato Cortez (grande baixista e fundador da banda Seychelles). Foi Renato quem produziu e mixou o disco, que saiu do seu berço no sul de Minas para ser masterizado em São Paulo, por Arthur Joly. As nove canções que compõe esse disco, concebidas da vivência urbana, ganharam corpo durante os seis dias de estadia no estúdio, que fica no interior rural de Carmo de Minas. Com articulação musical para o clássico formato power-trio de rock – aqui temperado com alguns teclados e sintetizadores pontuais –, o cardápio de Tia Maria’s compila o primeiro material da Boletos Antiaderentes, parte do qual já vinha ocupando os palcos no eixo MG-SP.

Tia Maria, quem é? O bistrô, onde fica? Tudo existe e se encontra virtualmente em qualquer espaço, em qualquer tempo. Para a receita do álbum, o cotidiano é o principal ingrediente: excesso de estímulo ou monotonia, passado e presente, público e privado, essas e outras fronteiras se embaralham para a juventude anos 2010 na transição para os anos ’20. Essa juventude é a freguesia do bistrô, aqui ela se expressa cultural & politicamente, calcada na moda da nostalgia e no fetichismo com o retrô. O bistrô, como espaço social popular e tradicional que foi modernizado & gourmetizado no gosto do hipster contemporâneo, é a ideia que criou a ambiência do disco. É nesse bistrô que você pode encontrar escritores existencialistas dividindo um cigarro com cantores de brega, entre o café ou os destilados, e essa conversa é música para os nossos ouvidos. Assim, o Tia Maria’s é como se fosse o palco de todas as variadas confissões apaixonadas e prosas ácidas (algumas lisérgicas, outras apenas críticas...) que esse disco tem pra contar.

credits

released August 7, 2020

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Boletos Antiaderentes MG, Brazil

banda de rock pastiche pistache sorvato de milhor hmmmm

lançando em agosto de 2k20 o álbum de estreia

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